DISCO DA SEMANA – KID ABELHA AO VIVO

Por Giovani Bernini

Para os amantes do Kid Abelha, ou para aqueles que simplesmente gostam do rock nacional produzido na década de 80, este é um disco agradável de se ouvir. Ele relembra a trajetória marcante da banda até 1986, que já emplacava diversos sucessos “pegajosos” nas rádios do país.

Para a banda é um divisor de águas, já que apresenta-se como o primeiro trabalho sem o seu principal compositor: Leoni, que havia deixado o Kid Abelha após discussões iniciadas por um convite feito por Léo Jaime para a gravação de “A fórmula do Amor”, e que esquecia o compositor.

O projeto deste LP era audacioso, e previa o lançamento em vinil duplo acompanhado de um VHS com os melhores momentos do Show que foi realizado e gravado na íntegra em São Paulo, no Parque do Anhembi, com um público que superou 20 mil pessoas.

No entanto, segundo informações do grupo, ocorreram problemas com as imagens do show e o audacioso projeto transformou-se em um Disco simples, com apenas 9 canções. Entre elas estava “Nada por Mim”, uma inédita composta em parceria com Herbert Viana, do Paralamas do Sucesso.

O lançamento de um disco “ao vivo”, nesse momento, me soa como uma alternativa para ganhar tempo. Como o Kid Abelha vinha estourando nas rádios após dois Lps lançados, era natural se esperar o lançamento de um terceiro em 86. Porém, como fazer um novo álbum sem ter composições e compositor disponíveis? E assim, para solucionar esse impasse, faz-se um disco “Ao vivo” para seguir a dinâmica de lançamentos da banda e para ganhar mais um ano e poder compor novas canções.

Particularmente, não gostei da disposição das músicas. “Fixação” e “Lágrimas e chuva”, que iniciam o LP, são na verdade o encerramento do show, o que causa uma confusão no momento da audição, já que Paula Toller se despede logo na primeira faixa do Long Play. E para complicar ainda mais, as nove músicas são dispostas em apenas 6 faixas, o que dificulta a seleção de uma em especial.

Após as duas referidas músicas, uma hit do primeiro LP, e a outra do segundo, vem a música “Nada por mim”, canção que também foi gravada por Marina Lima.

Posteriormente ouve-se “Educação Sentimental”, que deu nome ao segundo LP, que é seguida por “Pintura Íntima” e “Nada Tanto Assim”. “Pintura Íntima” fez parte do primeiro compacto lançado pela banda, antes de começar a fazer shows no Circo Voador. Com certeza uma das mais emblemáticas da carreira do Kid Abelha.

Para finalizar, o LP traz “Como eu quero”, que também emenda em “Os outros”, e terminamos com “Por que não eu?” E, apesar dos percalços o álbum faturou o terceiro Disco de Ouro para o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.

Visualmente o LP não agrada tanto. A capa faz uma boa referência à ideia de um show ao estampar uma ilustração da bilheteria. No entanto, a qualidade e o bom gosto da imagem são discutíveis. Mas pensando sob a ótica oitentista e citando Adriana Calcanhoto: “Eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso”… isso torna-se irrelevante.

A contra-capa do Lp já é mais bacana, com ilustração de parte do ingresso, fotografias dos integrantes do Kid e do público vibrando.

Infelizmente, o Long Play a que tivemos acesso já não possuía o encarte, o que nos impede de fazer qualquer consideração a respeito. Quanto ao Vinil em si, o “bolachão”, nada de surpreendente. A mesma baixa qualidade da maior parte dos Lps de rock nacional da época. Eles quase dobram!

O Programa Long Play avalia este LP positivamente. Um bom disco para se ouvir descompromissadamente, tomando uma dose de conhaque e jogando pensamentos ao vento!

Aqui vai um vídeo com entrevista da banda nessa época:

Um comentário

  1. foi uma pena ter acontecido esse incidente num show que tinha tudo para ficar na historia do rock nacional,

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